História da Carochinha - Coxinha

Ela ainda não tem uma história definitiva, mas nos ajuda a contar novas histórias.

Coxinha

Coxinha  por Edgar Galluzzo


Que a coxinha é uma preferência nacional, todo mundo sabe! Mas será que todo mundo sabe de onde veio e como surgiu esse quitute simples, mas famoso em muitos lugares do mundo? Para responder a essas perguntas, fui pesquisar a fundo sua origem, e encontrei histórias completamente diferentes, que se passam no estado de São Paulo. Ao final, darei a minha versão, elaborada com base em pesquisas sobre a história do Brasil, que tanto estudo e adoro.

A primeira e mais difundida história data do século XIX e se passa na cidade de Limeira, no interior de São Paulo, na fazenda de Morro Azul. Dizem que a coxinha nasceu a partir de uma tentativa de uma cozinheira de tapear um garotinho, mais precisamente, o filho da Princesa Isabel com o Conde d’Eu, que só comia coxas de galinha. Diz a lenda que a cozinheira não tinha mais coxas suficientes para servir ao garotinho e, então, resolveu tentar enganá-lo, servindo outras partes do frango desfiadas e envoltas numa massa de farinha. Eureka! Habemus coxinha! (CAVAZIN, 2000.)

Já posso dizer que não acredito nessa versão, não é? A coxinha foi considerada comida de pessoas pobres por muito tempo, até ser alçada a um nível tido como mais alto, há pouco tempo, com a “gourmetização” da culinária básica brasileira. Não vejo como algo poderia ter surgido na alta sociedade e se tornado tão popular em tão pouco tempo, a ponto de virar “sinônimo” de pobreza.

A segunda história é completamente diferente e, embora muito carente de detalhes, me parece muito mais crível. Alguns historiadores acreditam que a coxinha surgiu durante a industrialização de São Paulo como uma forma mais barata e acessível de se consumir carne, servindo de alimento para os trabalhadores das fábricas (CASCUDO, 2014). Mesmo que essa história não conte em detalhes ou com referências o que realmente há por trás dessa criação culinária, acredito nela porque se aproxima mais do que tenho pesquisado por todo esse tempo, e que contarei na sequência.

A terceira, por fim, não é bem uma história, mas uma suposição baseada em algumas histórias, fatos e receitas de países que ajudaram no desenvolvimento do Brasil, como é o caso da Itália.

Entre os séculos IX e XII, a região da Sicília, onde hoje é a Itália, foi dominada por árabes muçulmanos que consumiam muito arroz com açafrão, condimentos e carnes. Segundo diz a lenda, o Rei Frederico II apreciava tanto o prato de arroz com açafrão que, por um capricho real, queria levá-lo a todo lugar para comê-lo a qualquer hora. Não se sabe quando, onde, como ou por que, resolveram fazer bolinhas de arroz fritas e recheadas, para que fosse mais cômodo levá-las em viagens longas. Nascia aí uma das mais deliciosas iguarias italianas, o arancino, no plural, arancini (KALIL, [s. d.]; MICHELIN GUIDE, 2021).

Muito tempo depois, em São Paulo, no final do século XIX e no início do século XX, houve uma grande imigração de italianos após a Abolição da Escravatura, no Brasil, e a Revolução Industrial, na Europa, a qual levou desemprego àquela região, impulsionando a imigração para a América. Chegando ao Brasil, em maior parte ao estado de São Paulo, os imigrantes italianos foram para as lavouras, onde trabalhavam cultivando café e uva e, em alguns casos, produzindo vinho.

Devido à tamanha população italiana na região, a cultura, os costumes e a culinária desse povo se mantiveram vivos, apesar de sofrerem modificações ao longo do tempo por causa da falta de ingredientes, o que levou a substituições e deu margem a criações e adaptações que se mantêm até hoje (COLLAÇO, 2011). Um dos produtos culinários introduzidos no Brasil foi o arancino, feito, como já dito, de arroz cozido e normalmente recheado com ragu de carne moída ou legumes cozidos, sendo modelado em formato de bola ou em formato cônico, em algumas regiões.

O fato de que o arancino foi introduzido em nossa culinária pelos trabalhadores italianos é o que me faz supor que ele pode ser a base do surgimento da coxinha, a rainha dos salgados. Hoje em dia, em algumas regiões da Itália, nossas coxinhas são vendidas como arancini brasiliani, e essa é uma pista significativa de que o nosso salgado pode ser filho da Itália.


Caldo-base de legumes


Ingredientes

3 kg de água

10 g de alho amassado

30 g de salsão picado em cubos

30 g de cenoura picada em cubos

100 g de cebola picada em cubos

2 folhas de louro fresco


Preparo


Primeiro, disponha todos os ingredientes em uma panela grande e acenda o fogo.

Espere ferver e cozinhe em fogo baixo por, aproximadamente, 45 minutos.

Retire a espuma que se forma na superfície.

Coe e reserve.


INGREDIENTES MASSA


2,75 kg de caldo-base

1,8 kg de água

450 g de manteiga ou margarina 80% de lipídeos

70 g de sal

2,57 kg de farinha de trigo peneirada


Preparo


Disponha na panela grande os ingredientes líquidos, a margarina ou manteiga e o sal.

Espere abrir fervura, baixe o fogo para o mínimo possível e adicione a farinha peneirada de uma só vez.

Misture sempre para não empelotar, puxando a massa das laterais para o centro, até que ela comece a se soltar do fundo da panela.

Mexa até que a massa fique lisa e homogênea (6 minutos aproximadamente). Caso esteja fazendo a massa com batata, acrescente-a neste momento. Após esfriar, sove a massa para homogeneizar.

Leve a massa à mesa ou bancada para esfriar.


Por Edgar Galluzzo 13 de agosto de 2025
Bolachinha da Tia Rosa - Goiabinha
Por Edgar Galluzzo 4 de fevereiro de 2023
Jericalla - A mais tapatía das sobremesas
Totopo
Por Edgar Galluzzo 28 de julho de 2021
Totopos - O verdadeiro nome dos Nachos!
Por Edgar Galluzzo 28 de julho de 2021
Tortilla e Quesadilla Mexicana - A base da alimentação de um povo!
Por Edgar Galluzzo 14 de maio de 2021
Pastel de Nata - a Lisboeta mais famosa e gostosa do mundo!
Massa Folhada
Por Edgar Galluzzo 3 de maio de 2021
A Massa Folhada mais simples e descomplicada que vai desmistificar a complexidade que muitos temem.
Por Edgar Galluzzo 27 de abril de 2021
Pão de Mel é o ganha pão de muita gente no Brasil, mas de onde será que ele veio?
Por Edgar Galluzzo 26 de abril de 2021
Pão de Batata, uma iguaria 100% Brasileira. Será?
Quindim de Maracujá
Por Edgar Galluzzo 26 de abril de 2021
Conheça um pouco sobre a história controversa da criação deste doce maravilhoso e aprenda uma versão ousada e tão maravilhosa quanto a original! Receita apresentada no programa Vida Melhor, da Rede Vida com a maravilhosa Cláudia Tenório!

Compartilhe em suas redes sociais!



Recheio de Frango Cremoso


Ingredientes

3 kg de peito de frango desossado cortado em cubos

750 g de água

300 g de molho de tomate

2 g de curry

20 g de sal

350 g de cebola picada

20 g de alho picado

200 g de flocos de batata (ou 200 g de farinha peneirada)

10 g de salsa picada


Preparando



Na panela de pressão, coloque: o peito de frango desossado e cortado em cubos, a água, o molho de tomate, o curry, o sal, a cebola picada e o alho picado.

 Misture bem, tampe a panela e acenda o fogo.

Após pegar pressão, baixe o fogo e cozinhe por 10 a 12 minutos.

Apague o fogo e não retire a pressão da panela – espere até que ela saia naturalmente.

Após a panela perder a pressão, abra-a e mexa o frango até que ele desfie por completo. Não retire o caldo e tome cuidado para não se queimar.

Acenda novamente o fogo e, assim que o caldo começar a ferver novamente, adicione os flocos de batata ou a farinha peneirada.

Mexa bem até o recheio começar a soltar da panela (aproximadamente 3 minutos).

Apague o fogo e acrescente a salsa para finalizar.